19/01/2011

Sangue no cotidiano

Pedaços de corpos espalhados pela rodovia, miseráveis moribundos à mostra na telinha. A mãe abortou e sangrou até morrer. O traficante matou a família e foi ao cinema. E o repórter, corajoso, viu tudo. A câmera? Estava o mais próximo possível. O sangue agora é notícia!

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O jornalismo espetacularizador, também conhecido como A Imprensa Marrom, dá tons cinematográficos à realidade humana. Tem formato variável, de acordo com os interesses de seu público. Pode ser repressor, como um juiz da Suprema Corte, ou contraventor, como um louco despudorado.

Presentes desde os primórdios jornalísticos, as histórias fantásticas, com temas de impacto, carregam consigo um fator emocional. Reduzem o caráter informativo das notícias, trocando-o por uma imagem vendável, atingindo da única forma possível um público que tem contato direto com toda sorte de sofrimento. Há de se fazer chocar, a reputação dos veículos sensacionalistas depende disso.

Os profissionais estão mais próximos do povo, mas não possuem a abstração necessária à profissão. Personificam por demais as vítimas das tragédias. Os ícones criados apresentam tom de discurso maquiavélico, diria até que seriam inquisidores a serviço dos pobres.

A grande massa trabalhadora urbana, que pouco colabora para o nosso PIB, vê seu medo cotidiano nas notícias de pobreza, sexo, drogas, e morte. A vitimização escancarada em uma TV ou num papel de jornal é suficiente para que os receptores da mensagem absorvam suas opiniões. Isso tira deles a capacidade de crítica e analise de fatos.

A violência é cada vez mais normal, mortes já viraram estatísticas. No mínimo, essa forma contestada de jornalismo torna mais humana a relação pessoa-notícia. Elas nos impressionam e impedem-nos de tratar o pesar humano com tamanho distanciamento. Trazem a realidade, que só está lá porque buscam outros números: os da audiência.

Um comentário:

  1. Hoje a massa comunicativa tem apresentado nos telejornais, internet, jornais etc... O que sinceramente e doloroso dizer é que a humanidade gosta de ouvir, ler e ver tragédia. Ninguém assisti por exemplo a tv cultura, porque pra eles no ponto de viste entre aspas não é interessante. Hoje há muita informação e pouco contato com a realidade da situação. Eu trabalho e ainda não cursei nenhuma faculdade, não por falta de tempo pois é desculpa hoje com tanta informação na nossa cara e agente não corre atrás do que realmente é necessário que é conhecimento. A mesmice caminham lado a lado da humanidade, poucos conseguem enxergar diferente com naquele filme em que uma astronoma Hypatia, que viveu e sofreu da mais pura convardia pela ignorância daqueles que seguiam o cristianismo. Só ela enxergou que o sol é centro da terra o que muitos até hoje não enxergam, não existe desafio. Não há confronto de idéias, tudo é copiado e parece que tudo está bom assim. Como tsunami no Japão. Será que isso vai mudar o comportamento dos humanos.ACREDITO QUE NÃO!........

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