TOC

Assepsia exagerada, pontualidade incontrolável, perfeccionismo, cisma extrema com a simetria. Testar a fechadura da porta, acender a lâmpada várias vezes, não pisar em rachaduras, usar roupas de uma cor, só pisar em ladrilhos de uma cor, colecionar objetos inúteis. As situações supracitadas são exemplos de atitudes que podem, embora nem sempre, pertencer a um portador do transtorno obsessivo-compulsivo, o TOC.

A obsessão é de caráter psicológico, ou seja, um pensamento repetitivo, que dá sensação estertorante em quem o possuir. A compulsão é a manifestação corpórea de impertinências que angustiam e se sobrepoem à vontade do indivíduo. Muitas vezes são ações inexplicáveis representando nada mais que a exteriorização de um pensamento irreprimível.

Melvin Udall (Jack Nicholson) dá bons exemplos de TOCs e os efeitos causados no dia a dia dos que estão à sua volta no filme Melhor é Impossível, de James L. Brooks. O personagem criado por Mark Andrus é visto como um velho asqueroso e incômodo, por suas palavras desmedidas e comportamento ultrajante. Não obstante, o “não me toques” era apenas uma mostra do transtorno, assim como a necessidade de manter-se sozinho e as três batidas de pé antes de calçar os sapatos.

O Sr. Udall necessita manter uma rotina. Todas as manhãs vai ao Cafe 24, senta-se à mesma mesa, pede dois ovos, café e bacon para a garçonete Carol Connelly (Helen Hunt), come com seus talheres limpos e descartáveis e passa o resto dia trancado em sua casa vazia, escrevendo e tocando piano. Qualquer alteração nessa programação resulta em comportamentos catastróficos.

O TOC da assepsia é contraditório, enquanto o seu portador tenta se isolar ao máximo dos germes, não mantém boa saúde. Um exemplo clássico é o do aviador Howard Hughes, que se isolou em uma cabine de assepsia e morreu subnutrido. Melvin também representou essa contradição. Enquanto utilizava sabonetes apenas uma vez, não tomava os medicamentos e sequer ia às suas sessões psiquiátricas.