13/02/2011

A Bravura dos Coen

Como já postei em textos anteriores, todo filme deve ter um atrativo principal, senão acaba se tornando uma miscelânea de informações sem sentido. Joel e Ethan Coen certamente sabem disso e mostraram muito bem em Bravura Indômita. Não farei aqui uma comparação ou análise baseada no Bravura Indômita original, de 1969, com John Wayne, Glen Campbell e Kim Darby. Mas o remake tem incontáveis méritos.

Mattie Ross (Hailee Steinfeld) tem 14 anos e viu o pai ser assassinado pelo seu empregado Tom Chaney (Josh Brolin). Para se vingar do crime, Ross contrata o oficial federal Rooster Cogburn (Jeff Bridges). Ambos, com o auxílio questionável do Texas Ranger LaBoeuf (Matt Damon), desbravam território indígena com um punhado de dólares no chapéu, atrás de pistas que não existem.

Bridges está perfeito no papel de Cogburn. Ele consegue transitar com facilidade nas diferentes nuances do caçador de recompensas. É um criminoso beberrão, espirituoso e hábil. Todas essas características são brilhantemente inseridas no personagem sem forçar a narrativa. Damon também merece destaque pelo seu personagem verborrágico, mas é Steinfeld quem conduz a trama, tornando-a impecável.

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O talento dos irmãos Coen Sempre foi muito questionado pelos seus filmes de finais, no mínimo, estranhos. O que me leva a pensar que esse remake foi o melhor trabalho dos diretores é o fato de que eles não tiveram o trabalho de desenvolver uma história completa, a narrativa já estava pronta. Puderam aprimorar muito mais os elementos que seus filmes têm de melhor, a fotografia, som, direção e edição.

A fotografia de Roger Deakins é esplendorosa. A silhueta de Cogburn e Ross cavalgando em disparada acompanhados apenas pelo céu estrelado emociona e faz com que se crie tal sinergia entre o espectador e o filme que muitos filmes em 3D não conseguiriam alcançar. Toda a cenografia participa essencialmente desse desenho das cenas. Figurino, direção de arte e montagem são impecáveis.

O grande mérito dos Coen é trazer, com eficácia, o Western de volta. Eles não forçam o espectador a ir ao cinema esperando um filme de arte. Contudo, apresentam um trabalho de apuro técnico incontestável e personagens complexos, sem fugir do velho clichê de heróis e bandidos, sempre presentes nas películas sobre o velho oeste.

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